domingo, 8 de julho de 2007

Rescaldo do Super Bock Super Rock 2007

A 13.ª edição do festival Super Bock Super Rock chegou ao fim. Após 4 dias repletos de energia, suor, sumo de cevada, cansaço e boa música o rescaldo é mais que positivo.

Houve regressos aguardados, reencontros já impensáveis, estreias desejadas e outras canceladas. Metallica, Arcade Fire, LCD Soundsystem e Underworld tinham a responsabilidade de fechar as 4 noites SBSR. Contudo, podemos afirmar que nem tudo passou pelos «fechos»…

Como tudo na vida, há que fazer escolhas. A preferência do dia 28 de Junho (dia inaugural do festival e o mais pesado) foi ver os veteranos Metallica. Numa altura em que o rock evidencia facetas mais flexíveis e, mesmo, plásticas, confesso ter passado por uma pequena sensação de afastamento em relação a todo o ambiente envolvente à causa do 1.º dia SBSR. Todavia, não posso deixar de felicitar os músicos e fãs que aqueceram e entusiasmaram a maior multidão da edição 2007 do SBSR. Temas como «For Whom The Bell Tolls», «Ride The Lightning», «The Unforgiven», «The Memory Remains», «Fade To Black», «Master Of Puppets» e os inevitáveis «Nothing Else Matters», «One» e «Enter Sandman» satisfizeram os milhares de fãs que acorreram ao chamamento de James Hetfield e companhia.

As escolhas da 2.ª noite SBSR passavam pelos Klaxons, Bloc Party e Arcade Fire. A caminho do recinto ouve-se, via Antena3, o espectáculo apresentado pelos conimbricenses Bunnyranch (se fosse hoje teria feito um esforço adicional para assistir à força demonstrada através do éter do serviço público radiofónico). Já em frente ao palco presencia-se o concerto mais que visto dos The Gift (parece que o interesse em ver a banda de Alcobaça passa pela possibilidade de ver Sónia Tavares a igualar a extravagância da islandesa Björk no guarda roupa a utilizar). Cenário que se alterou com os britânicos Klaxons. Para gáudio do público temas como «Golden Skans», «Magik», «Atlantis To Interzone», «It’s Not Over Yet», «2 Receivers» e «Four Horsemen Of 2012» não faltaram. Apesar do ambiente ter aquecido significativamente e de terem cumprido a missão, julgo que certos maneirismos rock teriam sido perfeitamente evitados! Com os The Magic Numbers o ambiente volta a arrefecer. Claramente fora de jogo neste festival, coube à banda hippie a difícil tarefa de passar o testemunho dos Klaxons para os Bloc Party. Não tendo conseguido igualar a festa que se verificou no Coliseu de Lisboa há cerca de um mês, Kele Okereke e amigos de bairro mostraram mais uma vez que têm força e boas músicas. Porém, as melhores composições para serem tocadas e vividas ao vivo têm todas o selo de «Silent Alarm». Registe-se o aceso final com «Pioneers» e «Helicopter». Chega a vez dos tão aguardados Arcade Fire. Vistos, por uma grande parte do público, como os verdadeiros «cabeças de cartaz» da edição 13 do SBSR, esta linhagem canadiana não deixou os seus créditos em mãos alheias. Num cenário clerical, com o órgão de tubos a não faltar, a actuação dos Arcade Fire pautou-se pela paixão e dedicação à música. Excelentes composições, desde «Black Mirror» a abrir as hostilidades a «No Cars Go», passando por «Intervention», «Ocean Of Noise», a mais velhinha «Headlights Look Like Diamonds» (com a chuva fazer bluff) e abençoando todos os presentes com a sequência magnífica de «Neighbourhood # 1 (Tunnels)», «Neighbouthood # 3 (Power Out)”, «Rebellion (Lies)» e «Wake Up», já em encore. Celebrou-se a música e quem ganhou mais foi o público… Bem haja aos Arcade Fire.

Na noite dos LCD Soundsystem surgiu a pior notícia deste festival. De acordo com a imprensa, por motivos de doença de um dos elementos dos norte-americanos The Rapture, a actuação da banda foi cancelada. Descansa-se mais uma hora, pois os estamos a meio do festival e ainda se esperam grandes momentos. Mundo Cão e Linda Martini ouvem-se através da Antena3. Destaque para os Linda Martini que demonstrar pontencial para uma solidificada carreira no panorama indie rock português. Saltamos para o outro lado do atlântico e é-nos apresentada a bizarria dos Clap Your Hands Say Yeah. Com 2 álbuns na bagagem, o homónimo e «Some Loud Thunder», estes norte-americanos (embora a simpatia e o apoio obtidos junto de várias comunidades indie) não cativaram o público presente. Apesar das boas composições, cansaram um pouco e a afinação alternativa de Alec Ounswort encarregou-se do resto. No fim ou se ama ou se odeia. Já ao início da noite, os Maxïmo Park deram bem conta do recado e tanto «A Certain Trigger» como «Our Earthly Pleasures» foram festejados. Bons temas pop rock a fazer lembrar a leveza à The Smiths. Paul Smith (o vocalista) não desiludiu e cativou a audiência a cantar e dançar ao ritmo de «Apply Some Preasure», «Our Velocity», «Limassol», «Graffiti», «Going Missing», «The Coast Is Always Changing», «Books From Boxes», «Girls Who Play Guitars», «By The Monument» ou «Parisian Skies». Chegamos aos The Jesus And Mary Chain e apesar de identificarmos muitos seguidores e admiradores acérrimos da banda escocesa, parece existir algum desconforto e falta de empatia entre a banda. Ambiente que trespassa para o exterior e resulta numa actuação morna, ou seja, competente mas com alguma falta de garra. Todavia, tudo muda com James Murphy em palco. LCD Soundsystem is playing at our house! A agitação era grande entre o público. Uma das bandas mais excitantes da actualidade estava prestes a subir ao palco para apresentar 2 dos álbuns mais celebrados dos últimos anos («LCD Soundsystem» e «Sound Of Silver»). James Murphy revela em palco toda a sua preocupação/obsessão na busca do som perfeito, no colmatar do pequeno erro que não pode acontecer. A propósito, o som esteve excelente, o público excelente esteve, a música é boa por excelência e o SBSR de 2007 ganhou mais uma aposta ao trazer estes norte-americanos a Portugal. Da irrepreensível setlist apresentada, destaque para «Us Vs. Them» a abrir; «Daft Punk Is Playing At My House» a seguir-se e a captar a atenção de tudo e todos; «North American Scum» a inflamar as hostes; «All My Friends» a confirmar a vertente mais melodiosa da banda, «Tribulations» e «Yeah» a obrigar o público a saltar e «New York I Love You, But You’re Bringing Me Down» a funcionar melhor ao vivo que em disco. Grande Concerto!

Com o fim à vista, o cansaço adensa-se e… há que fazer escolhas. Os contagiantes X-Wife têm direito à transmissão via Antena3 (e ainda bem). Os Gossip dão conta do recado e Beth Ditto canta e encanta. Com um carisma à flor da pele, Ditto não hesita em reproduzir os Wham em «Careless Whisper» ou a homenagear Aaliyah em «Are You That Somebody». Porém, todos esperavam ansiosos por «Standing In The Way Of Control», hino máximo à emancipação e independência pessoal. Seguiram-se os TV On The Radio e a luz do dia causa a sua primeira vítima, «boicotando» a actuação da banda. Os dois álbuns que compõem a discografia destes norte-americanos são excelentes; os temas são óptimos e estimulantes; a atitude indie rock está lá, mas a vertente noctívaga não se adaptou ao sol do final de tarde. Ficamos à aguardar um futuro regresso para rectificar a estreia em solo português. Finda a transmissão televisiva via rádio as «irmãs tesouras» ocuparam-se de incendiar o recinto do SBSR. Com uma atitude festiva e bastante alegre os nova-iorquinos Scissor Sisters conseguiram captar a atenção de rockeiros e indies, pondo toda a gente a dançar e a cantarolar temas como «Take Your Mama» a abrir, «Laura», «Comfortably Numb», «She’s My Man», «I Don’t Feel Like Dancing», «Tits On The Radio» e «Filthy Gorgeous» a fechar o teatro gay. Continuando em Nova Iorque, os Interpol estrearam-se (e já confirmaram nova passagem por palcos nacionais a 7 de Novembro no Coliseu de Lisboa) da melhor forma. Com o público ainda entusiasmado com a prestação dos vizinhos Scissor Sisters, Paul Banks e colegas conseguiram dar seguimento ao ambiente de empatia entre banda e público, arrancando uma excelente actuação. Com uma setlist que não esqueceu nenhum dos poucos singles da ainda curta carreira discográfica dos Interpol, houve espaço para alguns temas do novo «Our Love To Admire», a ser editar no dia 9 de Julho. O som esteve bom, o público mostrou-se apaixonado, a entrega foi total e quase ninguém deu conta do valente trambolhão do guitarrista Daniel Kessler durante «Obstacle 1». Temas como «PDA», «Slow Hands», «Evil», «Say Hello To The Angels», «Not Even Jail», «Obstacle 1», «C’mere», «Stellar Was A Diver And She Was Always Down» e o novíssimo «The Heinrich Maneuver» não defraudaram as expectativas de ninguém. Seja o regresso tão bom como a estreia e o culto por estes norte-americanos está garantido. Por fim, e já em fase de descompressão e dos necessários alongamentos, os Underworld tentaram animar o fecho do SBSR. Apesar do recinto ter ficado reduzido a metade após a saída de palco dos Interpol, a banda britânica cumpriu a tarefa, deixando para o final os tão desejados hits «Born Slippy» e «Jumbo».

Que venha a edição 14 e o nível das bandas a figurar no cartaz se mantenha.

Para o ano há mais…
Bem haja à organização.

3 comentários:

Unknown disse...

Caríssimo,

é com gaudio que saúdo esta tua rentrée no universo "bloguístico", "blogueiro" ou seja lá o que for. Primeiramente, tenho a dizer que gostei deste primeiro contacto com a informação.
O tributo ao Jeff que li é mais que merecido, pois foi o grande génio do universo musical da década de 90. Mas gostava também de enaltecer o artigo sobre o maior elogio à parafernália esquizofrénica que revolucionou a música dos nossos tempos chamado OK Computer, pois se Grace é um elogio ao lírismo e a melodia, este album de Radiohead é uma viagem ao limite da sanidade (sendo uma tema que muito prezo, não me vou alongar mais!).
Gostei particularmente de duas bandas que mencionaste, os Interpol - já não ouvia estas guitarras há já muito tempo, e, confesso, já tinha saudades deste som crú - e dos Editors (grande voz, meu caro. Só aqui tinhamos umas horas de discussão no antigo 6ºX).
Queria falar também no concerto dos Pumpkins cujo regresso aguardava e tinha como profético. Esta banda gravita cada vez mais de Corgan, foi a minha desilusão de Oeiras, que falta faz D'arcy e o seu James.
Sobre Arcade Fire e parafraseando o grande David Fonseca "se a música de igraja fosse assim as missas estavam a abarrotar".

Para finalizar o meu breve comentário, pergunto-te se já foste ao blog que te enviei? Envio novamente na esperança que te dignes a prestar-lhe atenção, ou arriscas-te a um tiro na mona. http://o-eterno-retorno.blogspot.com. Comentários aguardam-se e notícias esperam-se.

Abraço!

PS: Tive nas Sebastianas mas esqueci-me do tlm. Procurei-te para te dar um calduço mas não te encontrei. Ainda me deves um jantar! E eu nunca me esqueço das coisas.

The White Scratcher disse...

Ai rapaz,,, escreves tanto,,,,, ahahahahah...

Epá,,, assa um frango ou algo parecido,,,,,, mas ocupa o tempo,,,,ahahahaah

onmywaytoheaven disse...

bem...que mais dizer depois disto lol..bom "Remate" do SBSR2007 :)