domingo, 31 de julho de 2011

Magical Collective

Poderá a experimentação mais radical apresentar-se como o produto a oferecer ao ouvinte final? A ideia não é nova, mas o recente concerto dos Animal Collective, no grande auditório do CCB, fez-me repensar a equação. A experimentação, entendida como o constante desbravar de barreiras musicais, a aventura no desconhecido e o consequente abandono do espaço de conforto parece ter sido abraçada pelos quatro elementos da banda de Baltimore. É evidente que o processo de composição dos Animal Collective surge após muito experimentar e muito deitar fora. Processo que se foi aperfeiçoando ao longo dos anos e das várias edições discográficas. Percurso que tornam os Animal Collective numa das maiores forças criativas da actualidade. Um grupo de exploradores dedicados à demanda da harmonia sonora e da textura perfeita e que, na maior parte das vezes coloca de parte o formato clássico da canção. Porém, o facto é que sucessivamente os Animal Collective nos têm surpreendido. Foi o que aconteceu, uma vez mais, no passado dia 25 de Julho, apesar da prestação não ter superado o concerto de 2008, na discoteca Lux. A banda voltou a apresentar as suas experimentações já lapidadas e polidas, a que o recinto do CCB, surpreendentemente, resistiu. Ouvimos temas novos (o compasso de «A Long Time Ago» e a demência de «Let Go» e «Mercury» deixaram-nos a salivar pelo novo disco), peças de «Feels» («Did You See The Words» foi o grande flashback da noite) e canções do obrigatório «Merriweather Post Pavilion» («Brother Sport» apresentou-se, uma vez mais, em excelente forma). O público entusiasmou-se, afinal não é todos os dias que temos a oportunidade de ver uma das bandas mais inventivas da actualidade, mas as investidas de alguns dos presentes no ultrapassado conceito de «discos pedidos» revelaram-se irritantes. Na primeira parte, vimos uma actuação competente da dupla Aquaparque, um dos projectos mais interessantes da pop Made in Portugal. Prestação que fez jus à electro-pop lânguida dos seus dois álbuns de originais, mas que não afastou a sensação de menos consistência em alguns momentos. Os ingredientes são bons e a matriz da música dos Aquaparque recomenda-se, faltando só limar algumas arestas que ainda descortinamos nos seus trabalhos e menos recurso ao método «carrega no botão».

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